sábado, 30 de junho de 2012

Perdoados, Mas não limpos


PERDOADOS, MAS NÃO LIMPOS
Para o criminoso, a presença incessante das vitimas e das circunstâncias do crime é um suplício cruel.
Allan Kardec
(Do livro “O Céu e o Inferno” - 1ª Parte, cap. VII, § 24).
          Em nossas faltas, na maioria das vezes, somos imediatamente perdoados, mas não limpos.
          Fomos perdoados pelo fel da maledicência, mas a sombra que tencionávamos esparzir, na estrada alheia, permanece dentro de nós por agoniado constrangimento.
          Fomos perdoados pela brasa da calúnia, mas o fogo que arremessamos à cabeça do próximo passa a incendiar-nos o coração.
          Fomos perdoados pelo corte da ofensa, mas a pedra atirada aos irmãos do caminho volta incontinenti, a ferir-nos o próprio ser.
          Fomos perdoados pela falha de vigilância, mas o prejuízo em nossos vizinhos cobre-nos de vergonha.
          Fomos perdoados pela manifestação de fraqueza, mas o desastre que provocamos é dor moral que nos segue os dias.
          Fomos perdoados por todos aqueles a quem ferimos, no delírio da violência, mas, onde estivermos, é preciso extinguir os monstros do remorso que os nossos pensamentos articulam, desarvorados.
*
          Chaga que abrimos na alma de alguém pode ser luz e renovação nesse mesmo alguém, mas será sempre chaga de aflição a pesar-nos na vida.
         Injúria aos semelhantes é açoite mental que nos chicoteia.
          A serpente carrega consigo o veneno que veicula.
          O escorpião carrega em si próprio a carga venenosa que ele mesmo segrega.
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          Ridicularizados, atacados, perseguidos ou dilacerados, evitemos o mal, mesmo quando o mal assuma a feição de defesa, porque todo mal que fizermos aos outros é mal a nós mesmos.
          Quase sempre aqueles que passaram pelos golpes de nossa irreflexão já nos perdoaram incondicionalmente, resplandecendo nos planos superiores; no entanto, pela lei de correspondência, ruminamos, por tempo indeterminado, os quadros sinistros que nós mesmos criamos.
          Cada consciência vive e evolui entre os seus próprios reflexos.
          É por isso que Allan Kardec afirmou, convincente, que, depois da morte, até que se redima no campo individual, “para o criminoso a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é suplício cruel”.
 
(Do livro “Justiça Divina” – Espírito Emmanuel/Médium Chico Xavier).