quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uso da palavra carma

USO DA PALAVRA "CARMA"

Este texto que se inicia nada mais é do que uma troca de experiência entre trabalhadores espíritas, pois as mensagens e escritos que recebemos pela Internet através de sites espíritas e grupos de estudos nem sempre abordam o assunto em pauta.
O motivo de estar escrevendo sobre "carma" não seria uma explanação sobre o tema, mas expor o resultado do uso desta palavra, principalmente, num Atendimento Fraterno no centro espírita.
Atendi uma jovem mulher, no último trabalho de Atendimento Fraterno, muito fragilizada e emotiva em razão de um aborto provocado pelos médicos no seu segundo mês de gestação devido a uma gravidez tubária que lhe poria risco de vida. Engrossando seu sofrimento, outro motivo de estar procurando ajuda espiritual foi devido a um mau atendimento "fraterno" que recebeu em outro centro espírita. Neste local, ouviu da mulher que lhe atendia, que tudo aquilo que ela passou era devido a um carma de vidas passadas e que, novamente, passaria por outro aborto, mas que futuramente teria o filho tão desejado, depois claro, de "pagar" todos os carmas.
Espantou-me o fato de uma pessoa que trabalha num atendimento fraterno mostrar tanto desconhecimento sobre a Doutrina e de usar um termo que nem é espírita (carma) para explicar "fraternalmente" a uma criatura tão sofrida as causas de seus padecimentos. Esta jovem que mostrava uma grande doçura em seus apontamentos e, inclusive, querendo tanto ser mãe e não conseguindo, passou a trabalhar num abrigo de crianças carentes e abandonadas servindo de mãe temporária a muitos bebês sem mães. Ela sorria e se iluminava ao contar que colocava três ou quatro crianças de uma vez, em seu colo e as acariciava e cantava para elas com extremado amor. Sentia-se doída só de pensar em perder outra vez um filho tão desejado. Possuía uma ótima vibração e pela meiguice e amor extremado pelas crianças poderia ser até outra "Meimei" vindo à terra para uma tarefa sobre maternidade.
Muito cuidado devemos de ter ao julgar as vidas alheias.
O que sabemos sobre as dívidas dos outros se de nem das nossas temos ciência?
Nem todo sofrimento humano é devido a dívidas ou reações de atos negativos cometidos em vidas anteriores. Conheci um homem com uma deficiência física acentuada que tinha dois filhos com os mesmos problemas de forma mais amenas. Uma criatura com pouco conhecimento da Doutrina Espírita logo taxaria estas deficiências como um "carma" ou efeito negativo de um ato inferior de vidas passadas, mas este homem diante de um médium muito conceituado soube que só ele possuía uma dívida a saldar, mas seus filhos não. Eles pediram, antes de reencarnar, esta pequena deficiência para melhor aperfeiçoar uma virtude e bloquear uma falha moral. Concluindo: eram deficiências para fim de aprendizado.
Creio que, na visão amorosa de Deus, a Terra é mais um educandário do que uma penitenciária.
Refiro-me a este caso apenas para grifar o quanto desconhecemos as causas dos sofrimentos alheios e muito cuidado temos que ter ao nos referirmos a dívidas ou carmas alheios. Nem mesmo aos amigos e familiares devemos usar estas palavras descuidadamente.
O ideal seria dar uma injeção de bom ânimo aos que sofrem, desenvolvendo a fé na bondade Divina e, inclusive, incentivar o estudo da nossa Doutrina Espírita para que o assistido possa entender melhor a finalidade da vida na terra. Fazendo com que descubram por si mesmo as causas de seus pesares.
Nossa palavra no Atendimento Fraterno deve sempre ser de alegria, otimismo e muito amor. A Doutrina Espírita deve ser lembrada como Consoladora, sempre!
Mitera/MLucia