quarta-feira, 4 de abril de 2012

Terapia da Solidariedade


TERAPIA DA SOLIDARIEDADE
No intervalo do Seminário sobre os Amigos Espirituais
e suas moradas, em Zurique, Suíça, no G-19 ¾ Fundação
para a Melhoria da Consciência Global ¾ no dia 29 de maio
de 1994, alguém apresentou o tema do suicídio por solidão, e
o assunto foi bastante discutido. Nessa noite, o amigo Ignotus
escreveu a presente mensagem.
A senhora, culta e nobre de sentimentos, dispondo de algum tempo livre, resolveu aplicá-lo utilmente. Porque o índice de suicídios na cidade onde residia fosse elevado, dedicou-se ao edificante trabalho de atendimento no SOS Vida, serviço telefônico para os candidatos ao suicídio.
Submeteu-se ao treinamento e, três vezes por semana, dedicava duas horas, cada vez, ao relevante mister.
Oportunamente, foi surpreendida por uma voz amargurada, nervosa, que dizia:
¾ Pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicá-lo a alguém. Por isso, estou telefonando.
Fiel ao compromisso de não interferir no drama do cliente, manteve-se com serenidade, indagando:
¾ Crê que eu lhe poderei ser útil?
Com azedume, a paciente reagiu:
¾ Ninguém pode ajudar-me, nem o desejo. Odeio o mundo e as pessoas. Sou uma infeliz, e pretendo encerrar esta existência vazia...
Silêncio da ouvinte.
Logo prosseguiu:
¾ Sou rica. Resido em uma bela mansão, no melhor bairro da cidade. Tenho dois filhos: um homem e uma mulher, ambos casados e pais, que me deram quatro netos. Sou membro da alta sociedade, frequento o Clube. Em minha casa disponho de duas linhas telefônicas... Sempre que o aparelho soa e vou atender, trata-se de ligação errada. Em palavras finais: ninguém se preocupa comigo! Terminados os encontros formais, sociais, ninguém é meu amigo...
¾ Então ¾ interferiu com oportunidade ¾ permita-me telefonar-lhe uma ou outra vez.
¾ Com qual interesse?
¾ Eu necessito de uma amiga.
Fez-se silêncio, que logo se interrompeu.
¾ Mas você não me conhece ¾ redarguiu, mais calma, a outra.
¾ Isso não é importante. Conhecê-la-ei depois. Conceda-me seu número, por favor.
¾ Não tenho hábito de dá-lo a estranhos.
¾ E como deseja que a chamem, se o evita?
Depois de alguma hesitação, o número e o nome foram declinados.
Dois dias depois a dama telefonou à desconhecida.
Conversaram sobre assuntos gerais. A experiência repetiu-se muitas vezes.
Após alguns meses, resolveram conhecer-se pessoalmente em um Café.
Mais tarde, a dama convidou a paciente a um chá no seu lar. Hoje, ambas trabalham no SOS-Vida, e o telefone, quando toca, é alguém pedindo o socorro que ela oferece com carinho.
Aprendeu a amar. Tornou-se útil, solidária.
Recebe amor, quem o doa. Talvez não seja da pessoa a quem o oferta. Mas isso não é importante, desde que ame.
A solidão é doença que procede do egoísmo.
Quando alguém se dispõe a sair da concha do eu, enriquece-se de amor e solidariedade.
Ignotus
(Do livro “Sobre a proteção de Deus”, de Divaldo Pereira Franco – Diversos Espíritos).