sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Solidão Aparente de Chico Xavier



A SOLIDÃO APARENTE DE CHICO XAVIER



por Geraldo Lemos Neto, quarta, 4 de Abril de 2012 às 19:20 ·
SOLIDÃO APARENTE

Em meados de 1932, o "Centro Espírita Luiz Gonzaga" estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico. Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto.Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar. O grupo ficou limitado a três companheiros.D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos.José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento.Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a freqüência ao grupo, pelo menos, por alguns meses.Vendo-se sozinho, o Médium também quis ausentar-se.Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:- Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço.- Continuar como? Não temos freqüentadores...- E nós? - disse o espírito amigo. - Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto. Em seguida, abria o "Evangelho Segundo o Espiritismo", ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez.Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento.Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel.Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho...E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas.

Ramiro Gama (Lindos casos de Chico Xavier)

Agora passo a complementar o caso escrito por Ramiro Gama com a conclusão que o Chico me contou :

Segundo ele, a vizinha ficava incomodada de vê-lo falando sozinho, gesticulando e dando interpretações do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita à esmo, sem que ela visse qualquer frequentador ou qualquer pessoa que tivesse entrado no Centro Espírita Luiz Gonzaga, que era ao mesmo tempo também a residência da família Xavier. 
Então a vizinha começou a espalhar para toda Pedro Leopoldo que o Chico estava era doido e que precisaria ser internado num sanatório em Uberaba, à semelhança de Dona Geni Xavier sua cunhada. Começou a dizer para todo mundo que o Espiritismo era fábrica de loucos, obra do demônio, e que já tinha levado uma para o hospício e estava levando o outro pelo mesmo caminho e este outro era o Chico. 
O Chico ficou muito chateado com aquilo tudo e vendo o povo comentar que ele estava doido e apontá-lo na rua como se fosse um desequilibrado qualquer, mas Emmanuel lhe recomendava paciência e coragem para prosseguir trabalhando porque os frequentadores apareceriam em pouco tempo. 
Um belo dia Chico cansado das ironias da vizinha resolveu colocar um basta no assunto. A casa dela tinha uma grande janela que era quase contígua à casa do Chico. Ele bateu palmas até que ela aparecesse na janela e quando ele surgiu ele lhe disse : "Dona fulana ( vamos naturalmente omitir o seu nome) eu lhe chamei aqui para lhe autorizar a me internar em um sanatório de Belo Horizonte ! " A mulher teve um grande susto, ficou pálida e desconcertada, e o Chico completou a ordem : " A senhora a partir de hoje vai ter uma autorização minha, e se quiser eu a assino em papel com firma reconhecida e tudo, no sentido de me internar num hospício de sua escolha o dia em que eu deixar de cumprir os meus compromissos com o serviço, o dia em que eu deixar de cumprir as minhas obrigações de arrimo de família, o dia em que eu deixar de cuidar de meus familiares incapazes, doentes, menores ou desempregados que aqui em casa se abrigam !"
E perguntou-lhe a queima roupa : " Estamos combinados ? "
Não preciso completar que Chico rindo-se do ocorrido disse-nos que a vizinha nunca mais falou coisa alguma ,,,

Geraldo Lemos Neto