1-Quando redimiremos espiritualmente a nós
mesmos? - Redimiremos a nós mesmos, quando compreendermos, conscientemente,
ao preço do próprio raciocínio, que todos os sofrimentos decorrem das leis de
amor que governam a vida. Para isso, é indispensável entendamos que todos
vivemos subordinados ao princípio inelutável da reencarnação e que nos
reencarnaremos, na Terra ou em outros mundos, tantas vezes quantas se fizeram
necessárias, para que se nos edifique o aperfeiçoamento espiritual, seja diante
dos imperativos da evolução, que nos traçam inevitáveis labores educativos, ou à
frente dos encargos expiatórios que nos apontam graves tarefas de recapitulação
e corrigenda, para o expurgo da consciência culpada.
2-Bastará apenas
sofrer para que resgatemos os compromissos adquiridos nas existências
passadas? - Se temos o coração aberto em feridas profundas, isso não basta; é
preciso transubstanciar as próprias dores em esperanças e
ensinamentos.
3-Basta apenas chorar para realizarmos o expurgo do
coração? - Às vezes, trazemos o semblante lavado de lágrimas, no entanto, o
desespero e a inconformação desmancham-se igualmente em pranto amargo; para
expurgar o mundo íntimo é mister valermo-nos da provação como recurso de
trabalho, para converter a tribulação em alegria e a dificuldade em
lição.
4-Basta apenas bendizer as mãos que nos ferem? - Bendigamos as
mãos que nos ferem. Imperioso, porém, nos dediquemos a fazer algo a fim de que
se renovem para o entendimento e para a prática do bem, sob a inspiração dos
bons exemplos que lhes pudermos ofertar.
5-Basta apenas acreditar na
verdade, sofrendo o escárnio dos que a recusam? - Dizemos a verdade e, não
raro, riem de nós muitas vezes, só porque isso aconteça, julgam-nos dispensados
de trabalhar pela expansão de novas luzes, quando a verdade reclama continuísmo
de abnegação para que triunfe a benefício de todos.
6-Basta apenas
recolher pedras de ingratidão? - Recolher pedras de ingratidão por pétalas de
carinho é heroísmo de muitos. Multidões respiram nesse câmbio, estranho de
padecimentos morais, preferindo acomodar-se à hipnose da queixa. A ingratidão é
sempre resultado da ignorância e para que a ingratidão alheia produza bênçãos
redentoras em nós, é necessário prosseguir plantando entendimento e fraternidade
na terra seca da incompreensão, de que muitos outros já
desertaram.
7-Para que nos purifiquemos, será suficiente acomodar-nos à
tristeza e a soledade, por que nos reclamem serviço demasiado à felicidade dos
outros? - Quase sempre exigimos o máximo dos outros na construção da nossa
felicidade, sem lhes darmos de nós o máximo na preservação da própria segurança.
Entretanto, em apoio de nosso burilamento, urge sustentar atividades e encargos
de sacrifício.
8-Ainda para isso será suficiente que padeçamos o assédio
da injúria? - Caluniam-nos freqüentemente, no entanto, só pelo fato de sermos
apontados pelo dedo da injúria, isso não adianta ao aperfeiçoamento espiritual.
Impreterível usar compaixão e bondade, à frente daqueles que nos
perseguem.
9-Para que obtenhamos quitação, ante o pretérito culposo,
bastará experimentar agruras e provações no reduto doméstico, de ânimo
sistematicamente recolhido à rixa e ao mau humor? - Em muitas circunstâncias,
o lar é o cárcere dos nossos sonhos, contudo, é útil recordar que vastas
fileiras de criaturas se encontram na mesma situação, agravando padecimentos e
lutas pelo abandono das responsabilidades que lhes competem. A regeneração pela
qual ansiamos espera por nossa felicidade aos compromissos assumidos, com a
nossa disposição de arquivar planos de ventura para quando a Divina Sabedoria
nos proclame a libertação.
10-A fim de que nos aperfeiçoamos, chegará
viver sempre sob inquietações aflitivas? - Vergamo-nos sob o fardo de
inquietações opressivas, mas, para que essas inquietações nos sirvam ao reajuste
da alma, cabe-nos a obrigação de transformá-las em testemunhos de fé e serviço
ao próximo.
11-Em favor do aprimoramento próprio, será suficiente
arrepender-nos dos erros e faltas cometidas? - Convém notar que o
reconhecimento dos próprios erros, perpetrados nesse ou naquele setor da
existência, é o primeiro passo da reabilitação, mas, esse começo é
empreendimento nulo se não resolvemos corrigir-nos com humildade e paciência, na
execução dos deveres que a vida nos recomenda.
12-É lícito contarmos com
o auxílio dos Espíritos Superiores grandes missionários da evolução moral na
Terra para que nos apóiem no trabalho da própria regeneração? - Sim, vezes
inúmeras, costumamos refletir nas grandes façanhas dos Espíritos valorosos que
transformaram a Terra... Acolheram-se à filosofia e criaram novas formas de
pensamento; Abraçaram a ciência e exaltaram o progresso; Elevaram-se na cultura
e engrandeceram a arte; Agigantaram-se no trabalho e aperfeiçoaram a vida;
entretanto, reencarnaram-se entre os homens, lavrando o solo, mecanizando
atividades, burilando palavras, renovando costumes, aprimorando leis,
desbravando caminhos... Todos eles, cada qual a seu modo, entregaram-nos as
chaves da evolução, melhorando a vida por fora. No íntimo, porém, seja nas horas
tranqüilas da existência ou nas crises de aflição que nos supliciem a alma, é
forçoso lembrar que a redenção verdadeira nasce dentro de nós.
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