Um afirmava: "-
Depois da paz íntima e da saúde, o amigo é o mais valioso tesouro da vida. Ele
se sobrepõe à consangüinidade, aos laços de parentesco corporal, sendo, não
raro, mais fiel e devotado do que muitos irmãos. Penso, mesmo, que a paz e a
saúde muito devem aos afetos que cercam a criatura, facultando-lhe a
harmonia."
Discordava o
outro: " - Creio diferente. O mundo é egoísta e o homem avaro. O mais
importante, na vida, é o dinheiro. Depois, tudo pode ser adquirido: paz, saúde e
amigos. Sem dinheiro, o homem é nada."
Respondeu o
primeiro: " - Sou seu amigo e não me interessa o que você tem, o que venha a
conseguir ou deixe de possuir. O importante para mim é a amizade."
Concluiu o
segundo: " - Não lhe desconheço os valores morais. Mas, sem querer
desprestigiá-lo, na linha de seleção entre todos os bens que me cercam, eu opto
pelo dinheiro."
Passaram os
tempos.
O utilitarista
enriqueceu-se de moedas; gozou os favores breves da fortuna, que mudou de mãos;
enfermou; experimentou o abandono, a amarga soledade e a dor...
O amigo conheceu
a escassez de recursos financeiros, de triunfos e aplausos. Nunca, porém, sofreu
a solidão, nem o desespero. Quando o outro, que o olvidara, tombou no
esquecimento geral, foi ele quem distendeu as mãos da amizade para evitar-lhe a
derrocada total.
Examina tuas
posses e seleciona a jóia da amizade, preservando-a como tesouro de incalculável
significação.
Se não
encontrares amigos, sê o devotado companheiro de outro que depares no teu
caminho.
Feliz é aquele
que se faz o amigo de todos.