Jesus. Sempre
vivo.
A propósito da imitação do
Evangelho
(BORDEAUX, maio de 1864; grupo de São
João. Médium Ser. Rul)
(Revista Espírita, dezembro de
1864)
Um novo livro acaba de aparecer; é uma
luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos eu vim,
por ordem de meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de vontade. Essa
palavra foi esquecida pela maioria, e a incredulidade, o materialismo vieram
abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa Terra. Hoje, por ordem do
Eterno, os bons Espíritos, seus mensageiros, vêm a todos os pontos da Terra
fazer ouvir a trombeta retumbante. Escutai suas vozes; elas são destinadas a
mostrar-vos o caminho que conduz aos pés do Pai celeste. Sedes dóceis aos seus
ensinamentos; os tempos preditos são chegados; todas as profecias serão
cumpridas.
Pelos frutos se reconhece a árvore.
Vede quais são os frutos do Espiritismo: casais onde a discórdia tinha
substituído a harmonia voltaram à paz e à felicidade; homens que sucumbiam ao
peso de suas aflições, despertados pelos acordes melodiosos das vozes de
além-túmulo, compreenderam que seguiam por um caminho errado e, envergonhados de
suas fraquezas, arrependeram-se e pediram ao Senhor a força para suportar suas
provas.
Provas e expiações, eis a condição do
homem na Terra. Expiação do passado, provas para fortalecê-lo contra a tentação;
para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a
matéria e prepará-lo para os gozos puros que o esperam no mundo dos
Espíritos.
Há várias moradas na casa de meu Pai,
disse-lhes eu há dezoito séculos. Estas palavras, o Espiritismo veio fazê-las
compreendidas. E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o calor do
dia, que credes ter que vos lamentar da injustiça da sorte, bendizei vossos
sofrimentos; agradecei a Deus, que vos dá meios de quitar as dívidas do passado;
orai, não com os lábios, mas com o coração melhorado, para vir ocupar melhor
lugar na casa de meu Pai, porque os grandes serão humilhados, mas, como sabeis,
os pequenos e os humildes serão exaltados.
O Espírito de Verdade
OBSERVAÇÃO: Sabe-se que assumimos
menos responsabilidade pelos nomes quando pertencem a seres mais elevados. Não
garantimos mais essas assinaturas do que muitas outras, limitando-nos a entregar
tal comunicação à apreciação de cada espírita esclarecido. Contudo, diremos que
não é possível desconhecer nela a elevação do pensamento, a nobreza e a
simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem, a ausência de
superfluidade. Se ela for comparada com as que foram inseridas na Imitação do
Evangelho (prefácio e Cap. III: O Cristo Consolador), e que levam a mesma
assinatura, posto obtidas por médiuns diferentes e em épocas diversas, nota-se
entre elas uma analogia marcante de tom, de estilo e de pensamentos, que acusa
uma origem única. De nossa parte, dizemos que pode ser do Espírito de Verdade,
porque é digna dele, ao passo que temos visto muitas assinadas por este nome
venerado ou o de Jesus, cuja prolixidade, verbiagem, vulgaridade, por vezes
mesmo a trivialidade das ideias, traem a origem apócrifa aos olhos dos menos
clarividentes. Só uma fascinação completa pode explicar a cegueira dos que se
deixam apanhar, se não também o orgulho de julgar-se infalível e intérprete
privilegiado dos puros Espíritos, orgulho sempre punido, mais cedo ou mais
tarde, pelas decepções, pelas mistificações ridículas e por desgraças reais
nesta vida. À vista desses nomes venerados, o primeiro sentimento do médium
modesto é o de dúvida, porque ele não se julga digno de tal favor.