'Chico Xavier'
foi o ponto alto da Globo ontem (sábado, 21/4)http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/renatokramer/1079780-chico-xavier-foi-o-ponto-alto-da-globo-ontem.shtml
RENATO KRAMERCOLUNISTA DO
"F5"
22/04/2012 - 08h55
22/04/2012 - 08h55
O 'Supercine' (Rede Globo) de ontem apresentou o filme
'Chico Xavier', sucesso absoluto de bilheteria ao ser lançado em 2010. Conta a
história de um dos homens mais abnegados e generosos que já passaram por este
plano terreste.
"Cada tiquinho de paz que eu levo para uma pessoa, vale
a paz que nunca foi minha", confidenciara Chico(Nelson Xavier) ao seu mentor o
espírito de luz Emmanuel (André Dias).
O filme foi baseado no livro "As Vidas de Chico
Xavier", de Marcel Souto Maior, e dirigido com maestria e muita delicadeza por
Daniel Filho. O elenco é de primeiríssima. A começar pelos três atores que vivem
Chico em suas diversas fases de vida; o menino Matheus Costa que, mesmo tão
jovem, é completamente envolvido pela aura do personagem; Ângelo Antônio, num
trabalho detalhista e de entrega absoluta e Nelson Xavier, que além da
impressionante semelhança física, consegue transmitir o ar de generosidade que
sempre se instaurava na presença de Chico Xavier.
E digo isso com conhecimento de causa. Eu tive o
privilégio de conhecê-lo numa de suas visitas de Natal ao Centro Espírita
Perseverança (zona leste de São Paulo), dirigido pela grande mestra e médium
Guiomar Albanese, a 'Dona Guiomar'. Afilhada espiritual de Chico Xavier, foi ele
quem a orientou para que abrisse um centro espírita (kardecista), no início dos
anos oitenta, com o qual haveria de ajudar muita gente. Dito e feito.
Atualmente, com todo o 'complexo' do C.E. Perseverança, Dona Guiomar desenvolve
um generoso, amplo e importante trabalho social, entre consultas, creches e
asilos. Detalhe: gratuitamente.
De perto, Chico parecia mesmo uma entidade, tal era a
leveza de sua aura, tal era a bondade que envolvia o seu gesto, o seu falar. E
isso é retratado com muita fidelidade no filme. Mesmo ao ser maltratado pela
madrinha Rita (Giulia Gam), com tapas na cara e garfadas na barriga, o menino
Chico sofre em silêncio. Tem apenas o conforto da mãe Maria (Letícia Sabatella)
que já morrera, mas que lhe visita em espírito e o acalanta e encoraja.
"Se você rezar direitinho, Jesus falou que vai te
mandar um anjo pra te ajudar", lhe confidencia a mãe. O pai João (Luis Melo) é
que não ajuda muito. Primeiro queima os seus livros de poesia, achando que é lá
que Chico encontra material para os seus delírios. Depois, ao ver crescer a fama
e a procura dos devotos do filho, tenta tirar proveito e pede que Chico cobre
alguma coisa daquela gente. Chico se nega.
Como pano de fundo da história de Chico Xavier,
assistimos uma famosa entrevista que ele deu ao antigo programa "Pinga-Fogo",
apresentado por Saulo Guimarães (Paulo Goulart) na antiga TV Tupi (!971). Era um
programa de entrevistas que procurava esclarecer assuntos polêmicos.
Orlando (Tony Ramos) é diretor de imagens do
'Pinga-Fogo', e sua esposa assiste-o todas as vezes, especialmente por causa de
Chico Xavier. Glória (Christiane Torloni) perdera um filho adolescente numa
brincadeira de arma. O amigo Eduardo (Leonardo Jabbour) teria acidentalmente
dado um tiro mortal em Tomás. Iara (Cássia Kis Magro), mãe de Eduardo, interpela
para que Glória não processe o filho, mas ela está irredutível.
Até que, no final de mais um 'Pinga-Fogo', Chico Xavier
encontra-se com Orlando, que é ateu assumido, e entrega-lhe uma carta que teria
recebido, psicografada, do seu filho Tomás. Na carta, Tomás inocenta o amigo
Eduardo, confirmando que fora um acidente. E ainda dá detalhes de uma relação
conturbada que Orlando tinha com seu pai. O casal retira o processo, e a carta
de Tomás é aceita como prova da inocência de Eduardo. "Eu não sei que fenômeno é
esse", confessa contrariado Orlando, "mas estou convencido de que esta carta é
do meu filho".
Uma grande produção, um grande elenco, um belo filme. E
a lição de vida de um grande homem: Chico Xavier. Ele deixou 412 livros
psicografados, vendeu mais de 40 milhões de exemplares e nunca recebeu direitos
autorais. "A fraternidade é a luz do espiritismo", dizia Chico.
"Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo",
afirmava Chico Xavier, "mas todo o mundo pode recomeçar e fazer um novo fim".