quarta-feira, 25 de abril de 2012

Chico Xavier foi o ponto alto da Globo 21/04


RENATO KRAMERCOLUNISTA DO "F5"
22/04/2012 - 08h55
O 'Supercine' (Rede Globo) de ontem apresentou o filme 'Chico Xavier', sucesso absoluto de bilheteria ao ser lançado em 2010. Conta a história de um dos homens mais abnegados e generosos que já passaram por este plano terreste.
"Cada tiquinho de paz que eu levo para uma pessoa, vale a paz que nunca foi minha", confidenciara Chico(Nelson Xavier) ao seu mentor o espírito de luz Emmanuel (André Dias).
O filme foi baseado no livro "As Vidas de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior, e dirigido com maestria e muita delicadeza por Daniel Filho. O elenco é de primeiríssima. A começar pelos três atores que vivem Chico em suas diversas fases de vida; o menino Matheus Costa que, mesmo tão jovem, é completamente envolvido pela aura do personagem; Ângelo Antônio, num trabalho detalhista e de entrega absoluta e Nelson Xavier, que além da impressionante semelhança física, consegue transmitir o ar de generosidade que sempre se instaurava na presença de Chico Xavier.
E digo isso com conhecimento de causa. Eu tive o privilégio de conhecê-lo numa de suas visitas de Natal ao Centro Espírita Perseverança (zona leste de São Paulo), dirigido pela grande mestra e médium Guiomar Albanese, a 'Dona Guiomar'. Afilhada espiritual de Chico Xavier, foi ele quem a orientou para que abrisse um centro espírita (kardecista), no início dos anos oitenta, com o qual haveria de ajudar muita gente. Dito e feito. Atualmente, com todo o 'complexo' do C.E. Perseverança, Dona Guiomar desenvolve um generoso, amplo e importante trabalho social, entre consultas, creches e asilos. Detalhe: gratuitamente.
De perto, Chico parecia mesmo uma entidade, tal era a leveza de sua aura, tal era a bondade que envolvia o seu gesto, o seu falar. E isso é retratado com muita fidelidade no filme. Mesmo ao ser maltratado pela madrinha Rita (Giulia Gam), com tapas na cara e garfadas na barriga, o menino Chico sofre em silêncio. Tem apenas o conforto da mãe Maria (Letícia Sabatella) que já morrera, mas que lhe visita em espírito e o acalanta e encoraja.
"Se você rezar direitinho, Jesus falou que vai te mandar um anjo pra te ajudar", lhe confidencia a mãe. O pai João (Luis Melo) é que não ajuda muito. Primeiro queima os seus livros de poesia, achando que é lá que Chico encontra material para os seus delírios. Depois, ao ver crescer a fama e a procura dos devotos do filho, tenta tirar proveito e pede que Chico cobre alguma coisa daquela gente. Chico se nega.
Como pano de fundo da história de Chico Xavier, assistimos uma famosa entrevista que ele deu ao antigo programa "Pinga-Fogo", apresentado por Saulo Guimarães (Paulo Goulart) na antiga TV Tupi (!971). Era um programa de entrevistas que procurava esclarecer assuntos polêmicos.
Orlando (Tony Ramos) é diretor de imagens do 'Pinga-Fogo', e sua esposa assiste-o todas as vezes, especialmente por causa de Chico Xavier. Glória (Christiane Torloni) perdera um filho adolescente numa brincadeira de arma. O amigo Eduardo (Leonardo Jabbour) teria acidentalmente dado um tiro mortal em Tomás. Iara (Cássia Kis Magro), mãe de Eduardo, interpela para que Glória não processe o filho, mas ela está irredutível.
Até que, no final de mais um 'Pinga-Fogo', Chico Xavier encontra-se com Orlando, que é ateu assumido, e entrega-lhe uma carta que teria recebido, psicografada, do seu filho Tomás. Na carta, Tomás inocenta o amigo Eduardo, confirmando que fora um acidente. E ainda dá detalhes de uma relação conturbada que Orlando tinha com seu pai. O casal retira o processo, e a carta de Tomás é aceita como prova da inocência de Eduardo. "Eu não sei que fenômeno é esse", confessa contrariado Orlando, "mas estou convencido de que esta carta é do meu filho".
Uma grande produção, um grande elenco, um belo filme. E a lição de vida de um grande homem: Chico Xavier. Ele deixou 412 livros psicografados, vendeu mais de 40 milhões de exemplares e nunca recebeu direitos autorais. "A fraternidade é a luz do espiritismo", dizia Chico.
"Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo", afirmava Chico Xavier, "mas todo o mundo pode recomeçar e fazer um novo fim".