LIVRO
DA ESPERANÇA
EMMANUEL/FRANCISCO
CANDIDO XAVIER
86-
CAMPEONATOS
“Buscai
e achareis...” Jesus Mateus, 7: 7.
“Se
Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros se teriam
atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito
teria permanecido na infância, no estado de instinto animal.” - Cap. 25,
3.
Costumamos
admirar as personalidades que se galardoam na Terra.
Tribunos
vencem inibição e gaguez, em adestramento laborioso, aprimorando adição.
Poetas
torturam versos, durante anos, transfigurando-se em estetas perfeitos, ajustando
a emoção aos rigores da forma.
Pintores
reconstituem os próprios traços, centenas de vezes, fixando, por fim, os
coloridos da natureza.
Atletas
despendem tempo indeterminado, manejando bolas e raquetas ou submetendo-se a
severos regimes, em matérias de alimentação e disciplina, para se garantirem na
opulência da evidência.
Todos
eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas, à custa de longo esforço, e
todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que se nos indica às vitórias da
alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem qualquer aplauso no mundo,
embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.
Se
aspiramos a libertação da impulsividade que nos arrasta aos flagelos da cólera e
da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos regulamentos
interiores.
Tribunos,
poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido treinadores eméritos, mas, sem a
consagração deles mesmos aos exercícios que lhes atribuíram eficiência, não
passariam de aspirantes aos títulos que apresentam.
Assim
também, no campo do espírito.
Não
adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e fé, unicamente desejando
semelhantes aquisições.
Não
ignoramos que, em certos episódios da vida, não remediaremos a dificuldade com
atitudes meigas e que surgem lances, na estrada, nos quais o silêncio não é a
diretriz ideal.
Não
desconhecermos que, em determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser
vasada em moldes de frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para
resistir, intocável, a todos os aguilhões do desejo...
Entretanto,
se aplicarmos em nós as regras em eu a eficácia acreditamos, sofreando impulsos
inferiores, cinco, duzentas, oitocentas, duas mil, dez mil ou cinqüenta mil
vezes, praticando humildade e paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos
do mundo íntimo, que somente nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o
burilamento do espírito, encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais
diversas e situais variados problemas. Tudo é questão de início e o êxito
depende da lealdade à consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam
fidelidade à própria consciência é que se dispõem a prosseguir e
perseverar.