sexta-feira, 27 de abril de 2012

Campeonatos


LIVRO DA ESPERANÇA

EMMANUEL/FRANCISCO CANDIDO XAVIER

86- CAMPEONATOS
“Buscai e achareis...” Jesus Mateus, 7: 7.
“Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal.” - Cap. 25, 3.
Costumamos admirar as personalidades que se galardoam na Terra.
Tribunos vencem inibição e gaguez, em adestramento laborioso, aprimorando adição.
Poetas torturam versos, durante anos, transfigurando-se em estetas perfeitos, ajustando a emoção aos rigores da forma.
Pintores reconstituem os próprios traços, centenas de vezes, fixando, por fim, os coloridos da natureza.
Atletas despendem tempo indeterminado, manejando bolas e raquetas ou submetendo-se a severos regimes, em matérias de alimentação e disciplina, para se garantirem na opulência da evidência.
Todos eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas, à custa de longo esforço, e todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que se nos indica às vitórias da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem qualquer aplauso no mundo, embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.
Se aspiramos a libertação da impulsividade que nos arrasta aos flagelos da cólera e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos regulamentos interiores.
Tribunos, poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido treinadores eméritos, mas, sem a consagração deles mesmos aos exercícios que lhes atribuíram eficiência, não passariam de aspirantes aos títulos que apresentam.
Assim também, no campo do espírito.
Não adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e fé, unicamente desejando semelhantes aquisições.
Não ignoramos que, em certos episódios da vida, não remediaremos a dificuldade com atitudes meigas e que surgem lances, na estrada, nos quais o silêncio não é a diretriz ideal.
Não desconhecermos que, em determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser vasada em moldes de frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para resistir, intocável, a todos os aguilhões do desejo...
Entretanto, se aplicarmos em nós as regras em eu a eficácia acreditamos, sofreando impulsos inferiores, cinco, duzentas, oitocentas, duas mil, dez mil ou cinqüenta mil vezes, praticando humildade e paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos do mundo íntimo, que somente nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o burilamento do espírito, encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais diversas e situais variados problemas. Tudo é questão de início e o êxito depende da lealdade à consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria consciência é que se dispõem a prosseguir e perseverar.